Especialistas estudam relação do La Niña com chuvas no Sudeste

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Chuvas fortes do últimos dias deixaram rastro de destruição nas redondezas e distritos vizinhos de Nova Friburgo, Região Serrana do estado do Rio de Janeiro
Foto: Valter Campanato/ABr

Meteorologistas do Brasil e de organizações internacionais estão divididos sobre uma possível ligação entre as chuvas que afetaram o Sudeste brasileiro e os temporais que provocaram enchentes na Austrália e no Sri Lanka, segundo informações da BBC Brasil.


Apesar de concordarem sobre o motivo direto das chuvas no Sudeste (a concentração de massas de ar úmidas, comuns nesta época do ano), eles discordam sobre a ligação das chuvas ao fenômeno climático La Niña, tido como causa dos temporais na Austrália e no Sri Lanka.

"É fenômeno recorrente, que aparece a cada 5 ou 7 anos, e que também aconteceu no ano passado, com um efeito parecido", afirmou à BBC Brasil Luiz Cavalcanti, chefe de previsão do tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Ele acredita que o La Niña seria responsável também pelas chuvas no Brasil.
Para Ghassem Asrar, diretor do Programa Global de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas, a ligação entre o fenômeno La Niña e as chuvas mais fortes na Austrália e na América do Sul é conhecida, mas a intensidade dos eventos tem se mostrado mais grave do que o inicialmente previsto e aparenta ser maior do que a registrada na última década.

"Todos esses casos que estão acontecendo agora, incluindo o Brasil, têm características de fenômenos ligados ao La Niña. O que ainda estamos tentando responder é se a intensidade desses eventos está sendo influenciada pelo aquecimento global ou não", explicou Asrar.
 
Já a meteorologista do grupo de previsão climática do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ester Ito, observou que o Sudeste não é uma região comumente afetada diretamente pelo fenômeno La Niña. "Geralmente, o La Niña atua diretamente no Sul (do País), trazendo menos chuvas, e no Norte, trazendo mais chuvas. Ainda não há indicação clara de que tenha afetado o Sudeste dessa vez", ressaltou
Omar Badour, meteorologista da Organização Meteorológica Mundial (OMM), também destacou que não é possível garantir que o La Niña possa ter tido um efeito direto no Sudeste brasileiro, como nos casos da Austrália, Sri Lanka e Filipinas. Segundo o especialista, a localização da região (entre duas zonas diretamente afetadas pelo fenômeno de maneiras distintas) torna difícil confirmar a relação.

"La Niña é um fenômeno característico do Oceano Pacífico, mas, no caso do Sudeste brasileiro, uma mudança de temperatura no Atlântico também pode ter alterado a circulação das massas de ar", considerou Badou. De acordo com ele, ainda é cedo para atribuir a intensidade dos desastres ambientais ao aquecimento global. "Sabemos que, de um modo geral, o aquecimento global pode aumentar a intensidade das chuvas em qualquer lugar do mundo, mas a origem desses eventos é natural. Eles sempre aconteceram", lembrou.

O La Niña é registrado quando a temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico fica mais fria do que o normal. Por causa da dimensão da massa de água, a queda de temperatura modifica a circulação atmosférica naquela região. O fenômeno cria uma variação de intensidade nos ventos que, consequentemente, altera a distribuição das massas de ar quentes e frias em todo o mundo.

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